quarta-feira, 12 de novembro de 2008

"Sei lá... tá no sangue!!"

Há alguns instantes estava conversando com um dos fundadores do Bloco Surpresa, que já anima os carnavais da Barra há 24 anos.

A conversa, que inicialmente duraria aproximadamente 30 minutos, durou mais de uma hora, devido a minha e também empolgação do entrevistado (Embora seja comum eu sempre me empolgar!!).

O que eu achei mais interessante nessa mais de uma hora que conversamos foi quando eu perguntei qual a sua motivação para trabalhar com cultura na região da Barra do Jucu, e ele me disse: "bem, sei lá, acho que tá no sangue!" E começou a me contar do seu envolvimento inicial até hoje. O engraçado é que eu observei, não apenas na fala dele, mas também na de outros líderes culturais, que eles querem parar de se envolver com as manifestações culturais - seja por decepção, cansaço ou porque querem oportunizar outras pessoas - no entanto não conseguem.

E além da questão do sangue, como diz o presidente do Bloco, tem o amor pelo trabalho. Uma vez, ao conversar com o Fábio Carvalho sobre o Ceccaes (Centro Cultural Caieiras), uma instituição cultural localizada em São Pedro, da qual ele é o fundador, ele me disse: "Michelli, eu não estudei para estar aqui, não escolhi isso... mas aí você se apaixona e trabalha 24 horas em torno disso. É algo que tá impregnado na gente"

São palavras como essa que me motivam a trabalhar com esse tipo pesquisa...

É muito bom saber que existem pessoas realmente motivadas a trabalhar com cultura, não apenas pelo reconhecimento que talvez esse envolvimento venha proporcionar, mas principalmente, pelo amor à arte!!

7 comentários:

Marianne disse...

Lindo o post!
O campo de pesquisa é como um quebra-cabeça,no começo viajamos, não conseguimos dar sentido a muitas coisas,depois tudo vai se casando, e eu tenho que te dizer dona Michelli que esse é o indício de que esse é um dado característico desse universo pesquisado, e o sinal é quando as falas vão se repetindo!!!

Ótima percepção, ótimo relativismo em campo. Me orgulho de você minha menina!!!

ps: Eu sou fã do Fábio Carvalho!!!!!

MichelliPossmozer disse...

Nuussaa

tbm sou muito fã do Fábio, Mari!!

Acho lindo pessoas que falam do trabalho que desenvolvem com emoção e brilho nos olhos...

e foi isso que eu vi quando conversei com o Fábio, e ao conversar com o presidente do Bloco Surpresa hoje.

;)

Joyce Castello disse...

O Bloco Surpresa não é um grande acontecimento por um acaso, né?

Beijo, Michelli!

Anônimo disse...

Isso realmente fica impregnado na gente. Belo post e bela entrevista!

MichelliPossmozer disse...

Joyce,

Não conhecia muito da história do Bloco. Passei a conhecer a sua história ontem, quando fui conversar com um dus fundadores.

Ele me disse que o Bloco Surpresa teve início com uma brincadeira tradicional da Vaquinha, da Mulinha e dos Mascarados e daí tiveram a idéia de montar um bloco. No início o Bloco não era muito famoso, tinha abrangência apenas na comunidade, contudo, depois que a imprensa começou a aliá-los, e eles passaram a surgir na mídia, começaram a ganhar público.

Nunca participei de nenhum carnaval na Barra, mas pelo que pude perceber pelas letras dos enredos e pelas fotos das alegorias, pareceu-me ter um outro sentido o carnaval para o Bloco. Não é apenas aquele de pular um carnaval, mas de sátira e de não deixar a tradição morrer.

E considero o Bloco Surpresa um grande acontecimento, não apenas pela abrangência na mídia e a quantidade de pessoas que participam, mas sim pelo amor e dedicação que o presidente demonstrou ter.

Aquele lance de brilho nos olhos, sabe?

;)

Anônimo disse...

Sabe Michelli, acho que independente de estar trabalhando com cultura ou não é sensacional fazer algo com paixão...

MichelliPossmozer disse...

Com certeza Thalles,

A questão do "brilho nos olhos" pode e deve ser levada para todas as áreas da nossa vida, em especial à profissional, pois é no nosso trabalho que passaremos a maior parte do tempo, e, se não tivermos paixão, as coisas acabam por perder o sentido. E algo que deveria ser prazeroso, torna-se monótomo e desgastante.

Gostei da observação!

;)