quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A hibridização

Hoje à tarde estava apresentando minha pesquisa na 1ª jornada de Iniciação Científica no Foco - Fórum de Comunicação Social - da Ufes e surgiu uma questão interessante, que pude constatar pelos dados que obtive em campo. A questão da hibridização.
As culturas populares, a partir do momento que entram em contato com outras culturas, passam por um processo de transformação, elas se modificam, isto é, mesclam-se. O que para mim não é um fato negativo, muito pelo contrário. A incorporação de outras manifestações culturais não demonstra uma perda de identidade, nem da essência daquela prática, mas sim um enriquecimento.
Numa das regiões que eu pesquiso, a Barra do Jucu, por exemplo, eu pude ver essa hibridização de culturas, a partir do momento que o congo não se manifesta apenas puro e simplesmente, mas também aliado a outros ritmos musicais, como o reggae. O que acaba por promover uma interação entre as tribos musicais, ampliando o sentido de fazer cultura para além dos muros de determinada comunidade.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

A cultura aproxima

Veja a seguir a propaganda veiculada na TV pelo movimento AfroReggae. Uma demonstração de como como a cultura transpõe as barreiras sociais.



domingo, 26 de outubro de 2008

Cultura apropriada?

No post anterior surgiu em determinado comentário a expressão "cultura apropriada". O que viria a ser a cultura apropriada? Utilizar esse termo não seria uma forma de preconceito? Temos a impressão de que algumas manifestações de cultura que são desenvolvidas na periferia não podem ser encaradas como tal, assim, absorvemos o concepção de que precisamos levar a cultura para os locais mais marginalizados. Contudo, nao deveríamos pensar diferente e valorizar o que é produzido nesses locais, dando o devido reconhecimento ao que cada grupo desenvolve dentro do seu contexto social?

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O prazer na arte

Sempre que vou a campo fico maravilhada com algumas falas de pessoas que se envolvem com movimentos culturais. A maioria delas relata o prazer e o amor pela cultura e o objetivo de desenvolver uma função social, seja para tirar o menino da rua ou para promover maior integração com a comunidade.
E pensando sobre isso, cheguei a uma conclusão: não é a cultura em si que transforma, mas sim a forma como as pessoas se apropriam dela.

domingo, 19 de outubro de 2008

O que é ser profissional na periferia?

A maioria dos oficineiros do Programa Escola Aberta ou pessoas que trabalham com manifestações culturais nas periferias não estudaram para exercer determinada atividade nem tem o diploma como profissional daquela prática. No entanto, consideram-se profissionais. Para a lei, você é profissional a partir do momento que é qualificado com um diploma para determinada atividade. No entanto, essa determinação não se aplica à periferia. Para atuar como professor nas regiões carentes não é fundamental ter um diploma, mas sim competência. E competência significa em qualquer âmbito da sociedade executar com eficiência o que se dispôs a fazer. E, conforme os resultados, não só os próprios oficineiros se consideram profissionais, mas também a comunidade.

sábado, 18 de outubro de 2008

O que é o Estado para a periferia?

Quando comecei minha pesquisa de cultura na região de São Pedro, eu observei que há muitas políticas públicas vindas da administração municipal, no entanto, o Estado se apresenta quase ausente. A secretaria de cultura do Estado não desenvolve quase ou nenhuma ação na região. O mesmo ocorre na região 5, também conhecida como Grande Terra Vermelha. Existem muitos projetos desenvolvidos pela secretaria de Ação Social sob a coordenação da Secretaria Municipal de Cultura, no entanto, o Estado é como se ignorasse aquela região. Uma pergunta que não quer calar: o que faz a Secretaria de Cultura do Estado? Para onde são destinadas as verbas? Apenas para promover eventos com a Orquestra Filarmônica ou festivais de teatro?

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Uma válvula de escape

A dança na periferia, a capoeira, por exemplo, é extremamente difundida e valorizada pela comunidade. Para os produtores dessa cultura, a dança funciona como uma válvula de escape à discrimação, à violência e ao descaso político.
No mini documentário a seguir, veja como a dança é valorizada pela periferia.

domingo, 12 de outubro de 2008

Um olhar de quem não consegue ver

Em um passeio à página do terra, Jornalirismo, avistei algo muito interessante e ao mesmo tempo revoltante: um artigo de uma jornalista do Folha de S.Paulo, contra o destino de verbas do governo federal para projetos culturais na periferia.
Seria mesmo esse o olhar que a elite tem da cultura na periferia? Um olhar preconceituoso que não enxerga que a cultura remanescente dos movimentos da periferia, como o Hip Hop, tanto podem como mudam a realidade local?

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A publicidade que não dá ibope...

Hoje estava conversando com uma funcionária da Secretaria de Ação Social da Prefeitura de Vila Velha e constatei que a administração municipal desenvolve vários projetos culturais, no entanto, poucos são os que tem conhecimento sobre isso. Até mesmo os próprios funcionários da prefeitura pertencentes a outras secretarias dizem não saber dessas políticas. Porém, se são projetos bons, que promovem resultados de inclusão social e trazem benefícios às comunidades mais carentes, por que não divulgar?
Por que não investir em publicidade para essas políticas?
Seria porque esse tipo de propaganda não dá ibope?
Estão aí questões que quero compartilhar com vocês...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Cultura x Violência

Uma das coisas que fica latente sempre que converso com as pessoas envolvidas com movimentos culturais em regiões de periferia é que a a sua principal motivação para o envolvimento com esse tipo de política é: Tirar o menino da rua.
E esse discurso, presente em quase 100% das falas, incomoda-me um pouco. Isso porque, para mim, a principal motivação para desenvolver políticas culturais deveria ser o resgate da cultura local, ampliar o horizonte das crianças, a visão de mundo da comunidade e até mesmo para entrenimento. No entanto, envolver-se com cultura acaba por ser uma medida de concorrência à violência. Embora essa alternativa tenha dado resultados muito bons na medida em que muitas crianças acabam por descobrir talentos que a eles eram antes ocultos, Tirar o menino da rua deveria ser mesmo a principal motivação para produzir cultura?